terça-feira, 13 de novembro de 2012

Mãe, quando vou colocar aparelho?




Essa é uma pergunta muito comum que as crianças fazem aos pais e ao dentista, a partir dos 5 ou 6 anos de idade. Ficam torcendo para “precisarem“ colocar algum tipo de aparelho, para depois mostrar a novidade cheia de cores e arames para os amiguinhos.

Assim como os computadores, os celulares, os carros e tantas outras coisas, a odontologia e a ortodontia evoluíram muito nas últimas décadas.  Antigamente os dentistas orientavam os pais a esperarem a criança terminar de trocar os dentes (por volta dos 12 anos) para só então verificar a necessidade ou não de colocar aparelho. Nesta idade, todos os dentes de leite já haveriam caído e os permanentes, nascido. Era muito comum usar o “freio” (aparelho extra-bucal) e a realização de extrações de dentes permanentes para corrigir falta de espaço ou deficiência de crescimento dos maxilares.

Hoje em dia, essa idéia de esperar a troca dos dentes para depois corrigir é uma idéia tão antiga, comparável à época em que só se existiam telefones com fio, se lembram? 


Atualmente, há meios de fazer diagnósticos ainda bem cedo e iniciar o tratamento ainda com dentes de leite. A época certa de iniciar o tratamento, aos 5, 6 ou 7 anos, o Ortodontista (ou Especialista em Ortopedia) irá informar aos pais após avaliação clínica e exame da documentação ortodôntica. Mas a primeira consulta no Ortodontista deve ser realizada em torno dos 4 anos de idade, para efeito de diagnóstico. Antes disso, ainda pode ser um pouco cedo para submeter as crianças ao tratamento, mas em caso de dúvida, os pais sempre devem procurar a orientação de um profissional atualizado, independente da idade da criança ou bebê.



  
 Ortopedia x Ortodontia


A Ortodontia tradicional (com aparelho fixo) tem como objetivo a movimentação de dentes pura e simplesmente, independente da idade do paciente. Se há falta de espaço, muitas vezes dentes são extraídos. Se há deficiência no crescimento dos maxilares, dependendo do comprometimento, somente pode ser tratado com aparelho fixo associado a cirurgia ortognática (dos ossos maxilares).

A Ortopedia Facial (ou Ortopedia Funcional dos Maxilares) é uma nova concepção de prevenção e correção. Em geral, são utilizados aparelhos móveis.







A Ortopedia fica limitada à fase de crescimento do paciente, isto é, existe a limitação do crescimento ósseo. Só apresenta um bom resultado se esta técnica for utilizada em crianças e adolescentes ainda em fase de crescimento.

Para ter certeza que o adolescente ainda está na fase de crescimento, o profissional poderá solicitar um Rx da mão e do punho, para identificar se um dos ossos do punho, a Epífise do osso Rádio, já está calcificado. Isso significa que o jovem não apresentará mais crescimento e o tratamento com a Ortopedia Facial não terá um bom resultado.





A grande vantagem do tratamento precoce com a Ortopedia é que podemos avaliar como estão se desenvolvendo os maxilares, se estão dentro do crescimento padrão para cada idade. Caso não estejam, há aparelhos específicos para estimular o crescimento do maxilar com deficiência de crescimento. Muitas vezes a deficiência de crescimento da maxila ou mandíbula poderá ocasionar, entre outros problemas, até mesmo uma assimentria facial na fase adulta se não for corrigida enquanto os ossos estão em crescimento.

Outra grande vantagem do tratamento precoce é a questão de espaço para os dentes permanentes que irão nascer. Através de radiografias, podemos verificar o tamanho dos dentes que estão se formando dentro dos ossos, antes mesmo deles nascerem. Assim, temos uma previsão se, após a troca dos dentes, haverá falta de espaço e apinhamento dos dentes permanentes. Também há aparelhos próprios estimular o crescimento em quantidade suficiente para “caber” todos os dentes permanentes que irão nascer, sem a necessidade de extrações na idade adulta em casos de falta de espaço.



Quanto mais cedo o diagnóstico for realizado e o tratamento ortopédico for iniciado, melhores são os resultados. Há casos em que a criança, após o tratamento com ortopedia, chega aos 12 anos, quando termina de trocar os dentes, com o sorriso tão bonito e alinhado que não há necessidade de usar aparelho fixo.

Em alguns casos, o aparelho fixo será usado apenas para corrigir algum dente, mas sempre por bem menos tempo do que se não houvesse feita nenhuma intervenção anterior. A ortopedia e a ortodontia podem ser técnicas complementares, cada uma cumprindo sua função.
Poderia citar o exemplo da mordida cruzada, que é quando os dentes superiores mordem “por dentro” dos inferiores, que pode prejudicar o crescimento ósseo, levando até mesmo à assimetrias faciais graves.  Outro exemplo é o prognatismo, quando a mandíbula ultrapassa o crescimento da maxila. Quanto mais cedo for tratado, menores as chances de cirurgia.



Mordida Cruzada


Se a criança apresenta os dentes de leite muito juntos, pode ser um indício que faltará espaço na fase de troca dos dentes. Este também é um caso em que o tratamento deve ser iniciado bem cedo, bem antes de começar a troca dos dentes (antes dos 7 anos), pois os dentes de leite normalmente apresentam espaços entre eles. Não é normal eles estarem muito apertadinhos.

Espaços normais entre os dentes de leite

Não existe uma idade exata para início de tratamento. O fundamental é que seja iniciado e terminado enquanto a criança ainda está em fase de crescimento rápido, até lá pelos 13 ou 14 anos. Entretanto, considera-se de uma forma geral que deva ser iniciado em torno dos 5 ou 6 anos de idade, dependendo do caso. Em alguns casos, esta idade pode ser a idade ideal para corrigir determinados tipos de problemas.



A idade certa para usar aparelho nos dentes vai depender, além da indicação do caso, o amadurecimento da criança e o quanto isso é importante para ela. É uma boa oportunidade para os pais ensinarem valores como responsabilidade e persistência
. A criança e os pais têm que, antes de tudo, confiar no tratamento, contribuir para um bom andamento do caso (não faltar consultas, por exemplo) e acreditar nos resultados.

Portanto, mesmo que haja indicação para o uso, ninguém melhor do que a própria mãe pra responder a pergunta do filho: "Mãe, quando vou pôr aparelho?".