sábado, 14 de maio de 2011

Como descobrir que está com mau hálito se a pessoa não percebe e os outros não falam?



Vamos primeiro entender melhor o problema. A solução pode ser mais simples do que você pensa. Ou não... 


A halitose, ou mau hálito, é mais comum do que a maioria das pessoas imagina. Não é uma doença, mas pode ser sim um sinal, ou sintoma, de que alguma coisa não vai bem no organismo.

Especialistas afirmam que pelo menos 100% da população terá, ou já teve, halitose em algum momento da vida. Entre os 40 e 65 anos de idade, esse número chega a 47% e acima dos 65 anos, 67% sofrem de halitose crônica.

É mais facilmente percebido por estranhos do que pela própria pessoa. Muitas vezes essa constatação deixa-a constrangida, insegura e retraída, principalmente se tiver que conversar com alguém. Fazem uso de balas e enxaguatório bucal, para poder se sentir seguro diante das pessoas, o que além de não resolve o problema, podem acentuar o odor em alguns casos.



Causas
A literatura registra que de 90% a 95% das halitoses, ou mau hálito, são causadas na própria boca, principalmente na língua, e cerca de 5% a 10% têm outras causas. 

A língua possui diversas reentrâncias que retêm resíduos de alimentos, células descamadas e placas bacterianas que começam a fermentar e a liberar odor de enxofre. Este processo, juntamente à higiene oral deficiente, é, sem dúvida, a principal causa do mau hálito.

Cáries, substâncias plásticas usadas na confecção de dentaduras e próteses (por infiltração de líquidos bucais), próteses mal adaptadas e restaurações defeituosas também são fontes de mau cheiro. Inflamações e infecções da gengiva (problemas periodontais), causadas principalmente pela falta de higiene crônica, também são uma causa muito comum de halitose.



Mau hálito matinal
O mau hálito matinal não é, no entanto, considerado um problema, pois é fisiológico, presente em 100% da população. Ele acontece devido à leve hipoglicemia e redução fluxo salivar durante o sono, além do aumento da flora bacteriana anaeróbia. Esses microorganismos atuam sobre a descamação natural da mucosa bucal e sobre proteínas da própria saliva, gerando componentes de cheiro desagradável (chamados de compostos sulfurados voláteis ou CSV).

Esta halitose matinal, no entanto deve desaparecer após a higiene dos dentes (com fio dental e escova), da língua e após a primeira refeição da manhã, caso contrário, pode realmente ser investigada para verificar outras causas. Fazer um ótima higienização antes de dormir  (e não comer mais nada depois) também ajuda!



A importância da Saliva
A saliva é um protetor natural dos dentes e da saúde bucal em geral. A falta de saliva pode piorar o problema. Com o passar dos anos, é normal diminuir o fluxo salivar, isto faz parte do processo do envelhecimento. Mas alguns medicamentos e, mais raro, algumas doenças e síndromes, também podem fazer diminuir a quantidade de saliva.

O fluxo salivar pode ser alterado por falta de ingestão de água. É importante ingerir de dois a três litros de água por dia para evitar que a saliva torne-se mais espessa por falta de líquido, aumentando a ocorrência de halitose. 

Mastigar bem os alimentos é essencial para produzir mais saliva. Quando há pouca saliva, pode ser necessária a utilização de saliva artificial.


Causas Sistêmicas
Algumas alterações no organismo que podem causar halitose. Neste caso, a presença de mau hálito pode indicar alguma doença, como Diabetes (odor de acetona ou fruta), insuficiência renal (odor amoniacal devido à decomposição de uréia na saliva pelas bactérias), doenças hepáticas ou febris, estresse ou deficiência de vitamina A e D.

Alterações gastrointestinais
A obstrução intestinal associada a causas sistêmicas, como neoplasias, prisão de ventre, falta de ingestão de líquidos, por exemplo, pode causar uma halitose um pouco diferente da halitose bucal produzida pela liberação de enxofre. Mas esses são casos raros que se enquadram naqueles 5% ou 10% das causas gerais do mau hálito.

Estômago
Considerado pela maioria das pessoas como o vilão do mau hálito, o estômago é uma das últimas causas da halitose. Existem esfíncteres (válvulas) que não permitem a passagem dos odores estomacais para o meio externo. Normalmente, o mau hálito pode ser atribuído ao estômago em poucas situações, como na eructação gástrica (arroto) e refluxo gastroesofágico (deficiência no funcionamento da válvula que separa o esôfago do estômago).

Problemas respiratórios
Antes de culpar estômago, as pessoas devem levar em consideração problemas respiratórios, por exemplo. A sinusite, a rinite e a amigdalite frequentes podem ser as causadoras da halitose. Pacientes que respiram mais pela boca, não têm selamento labial adequado, o que provoca ressecamento da mucosa e também favorece o mau hálito.


Prevenção e Tratamento
A halitose tem tratamento e cura. Porém, não existe remédio milagroso contra o problema. Melhorar a higiene bucal diária resolve o problema na maioria dos casos. Se a melhora da higienização não for eficaz, o ideal é consultar o dentista para verificar se não há cáries, problemas periodontais (de gengiva), próteses ou restaurações mal adaptadas que podem estar acumulando alimentos.



A manutenção de dieta equilibrada e de uma boa saúde é fundamental. Evitar carne gordurosa e tudo que contenha gordura, como frituras. Deve-se dar preferência ao leite desnatado e ao queijo branco ou ricota, evitar bebidas alcoólicas e o tabagismo.

A alimentação mais fibrosa, como cenoura e maçã, aumenta o fluxo salivar e auxiliam na promoção de uma limpeza nos dentes, gengivas e da superfície da língua.



Beber muita água e manter a higiene bucal caprichada. Os dentes devem ser bem escovados, sempre que necessário, principalmente após cada refeição. A língua deve ser limpa com raspadores específicos ou com a própria escova de dente, a cada escovação de dentes.
Após a escovação dos dentes e o uso do fio dental, fazer bochechos com uma pitada de bicarbonato de sódio, ou anti-sépticos bucais, ajuda bastante.

Também pode ser feita uma estimulação da produção de saliva de uma maneira fisiológica, com balas sem açúcar, gomas de mascar, gotas de suco de limão com um pouco de sal.


No entanto, consultas periódicas ao dentista são essenciais, principalmente para uma higienização mais profissional, única forma de remover o acúmulo de tártaro, principalmente atrás dos dentes inferiores. Informe-se também sobre a maneira correta de escovar seus dentes, a falha pode estar aí.

Também é de grande importância fazer um check up médico regularmente, para ver se está tudo bem com o seu organismo. Em casos em que é diagnosticada alguma doença sistêmica, ou alteração metabólica como o diabetes, o tratamento é feito juntamente com o médico especialista. 



Conseqüências
A simples presença de mau hálito, apesar de não ter grandes repercussões clínicas para a pessoa, pode, na maioria das vezes, provocar sérios prejuízos psicossociais. Os mais comumente relatados são a insegurança ao se aproximar das pessoas, a depressão secundária a isso, dificuldade em estabelecer relações amorosas, resistência ao sorriso, ansiedade, e baixo desempenho profissional, quando o contato com outras pessoas é necessário.


O hálito é uma importante ferramenta de diagnóstico. Dizer respeitosamente à pessoa que o hálito dela está alterado é um benefício que se está fazendo a ela, pode ter um problema sério de saúde (como diabetes ou infecções na gengiva) e ela nem imagina. Mas tome cuidado como dizer, muitas vezes o profissional, dentista ou médico, pode ajudá-lo nesta difícil tarefa.

A forma mais simples de descobrir que a pessoa está com mau hálito se ela mesma não consegue perceber (e as outras pessoas ficam constrangidas em falar) é perguntar para uma criança. As crianças são sinceras, verdadeiras e espontâneas. Se o problema existir, ela dirá a verdade. 

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Novo Idoso - Mudanças na sociedade com o aumento da expectativa de vida


O número cada vez menor de filhos e a população cada vez mais urbana mostraram, no último censo, que a população do Brasil está envelhecendo rapidamente. Entretanto, o país não está se preparando, com a mesma velocidade, para o envelhecimento da população.
Nas últimas décadas, o número de pessoas com 60 anos ou mais tem aumentado consideravelmente nos países da América Latina, principalmente em Cuba, Argentina, Uruguai, Chile e Brasil.
As informações levantadas pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) mostram que o número de idosos no Brasil já é um dos maiores do mundo, cerca de 13,5 milhões de pessoas. Os idosos são pessoas que já vivenciaram, em abundância, todas as circunstâncias comuns ao ser humano: vida e morte de familiares e amigos, alegria e tristeza de decisões tomadas. Passaram por situações de perdas irreparáveis na família ou entre amigos por doenças ou imprudências devidas a soberba na condução da vida.

No decorrer dos dias conquistaram o reconhecimento da sociedade. Foram favorecidos, entre outras vantagens instituídas pelo Estatuto do Idoso, com a gratuidade no transporte coletivo urbano, filas preferenciais em bancos e supermercados e vagas exclusivas em estacionamentos.
Os idosos de hoje, vivem mais, se divertem mais, produzem mais, aprendem mais e querem muito mais da vida do que queriam as gerações anteriores.
O aumento da população de idosos é, de fato, uma importante conquista da nossa sociedade. Entretanto, isto gera uma série de novas circunstâncias relacionadas à manutenção da saúde, manutenção de habilidades físicas, cuidados médicos e de enfermagem especiais, além de gerar modificações ambientais, visando sempre os cuidados com o idoso.



Estatísticas


O Brasil possui cerca de 19 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que representa mais de 10% da população brasileira, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Há 50 anos a expectativa de vida de um brasileiro era de 43 anos. Hoje essa expectativa está em torno de 68 anos, sendo que para o século XXI deverá chegar a 73 anos.

Segundo o I.B.G.E. nosso país deverá ter a sexta população mais idosa do planeta no ano 2025 com 34 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que representará 14% de nossa população. É o grupo etário que mais cresce no Brasil. 


A distribuição dos idosos segundo os grupos de idade não é homogênea e, embora a expectativa de vida a partir dos 60 anos esteja aumentando, ainda é maior a proporção de pessoas idosas na faixa etária de 60 a 69 anos. Isto demonstra que o processo de envelhecimento da população brasileira, apesar de intenso, ainda é recente, diferenciando-se da situação encontrada nos países desenvolvidos, onde a transição demográfica ocorreu há mais tempo e a população idosa concentra-se, cada vez mais, nas faixas de idade de 80 anos ou mais.

O idoso consumidor


Além de viver mais, os idosos brasileiros também obtiveram melhoria da renda nos últimos dez anos. Mais de 80% das pessoas acima de 60 anos ganham ao menos um salário e a grande maioria recebe aposentadoria e pensões. 


Apesar de estarem aposentados, muitos idosos continuam no mercado de trabalho. Segundo o IBGE, quase 6 milhões de pessoas com mais de 60 anos trabalham, representando 30,9% do total. Mesmo na população com 70 anos, o percentual é significativo: 18,4% têm atividade remunerada.
Não por acaso os idosos são responsáveis pela manutenção de 25% das casas no País e possuem potencial de consumo de R$ 7,5 bilhões, o dobro da média nacional, de acordo com a pesquisa da empresa de consultoria Indicator GFK. 

Os idosos de hoje possuem vida ativa e são consumidores de quase tudo. Precisam de produtos e de atendimento de acordo com suas necessidades e limitações e os especialistas em marketing já perceberam isto. Muitos produtos e serviços são direcionados para este grupo de consumidores, inclusive para vendas pela internet.


 O idoso na rede

Especialistas reunidos no Congresso Mundial sobre Internet (Madri, 2009), enfatizaram o grande interesse de pessoas com mais de 70 anos pela internet. Segundo a professora da Univerdade de Dundee (Escócia) Vicki Hanson, em 2008, só nos Estados Unidos, 45% das pessoas de 70-75 anos já se conectavam à internet. Enviar e receber e-mails é a principal atividade na rede das pessoas acima de 65 anos. Também realizam compras, movimentos bancários e participam das redes de relacionamento social. Os jovens e adultos de hoje serão os idosos de amanhã, então este percentual tende a aumentar, e muito.



O idoso no volante


Com o envelhecimento da população brasileira, estão, a cada ano, surgindo mais idosos motoristas, acima de 70 anos, o que causa certa apreensão aos órgãos públicos ligados a área, aos geriatras e às famílias destes idosos.
Ao contrário do que muitos pensam os idosos não representam uma ameaça no trânsito. Somente 6,2% dos condutores envolvidos em acidentes estão com idade acima dos 55 anos. Já 27,9% dos condutores que causam acidentes estão entre 25 a 34 anos e 24,8% entre 18 a 24 anos, de acordo com dados do DETRAN-SP.
O motorista idoso é considerado educado e cuidadoso, sendo um observador atento às leis de trânsito, sendo pequena a ameaça que estes representam para o trânsito.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), por exemplo, na pessoa com idade entre 70 e 80 anos a flexão no joelho é de 58%, quando nos mais jovens (de 20 a 35 anos), chega a 78%. Além disso, os remédios que o idoso toma podem prejudicar seus reflexos, aumentando o risco de acidentes. 


O idoso nas salas de aula

Os primeiros resultados do Censo do Ensino Superior, realizado pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que a faixa etária dos ingressos no ensino superior que mais cresceu foi a de 50 anos ou mais (23%). Há Universidades que chegam a oferecer descontos de até 50% nas mensalidades.


A cada dia, crescem opções de cursos nas mais variadas áreas e as Universidades nunca estiveram tão lotadas dessa turma ávida por conhecimento, que frequenta a escola, seja como porta de retorno à vida profissional ou apenas pelo prazer de aprender. Eles passam a ser vistos como sábios pela família e se aproximam mais dos jovens.  


A escola passa a ter um papel não só de disseminadora do conhecimento, mas também de agente principal de troca de experiências e oportunidade de convívio entre pessoas diferentes. Sua autoestima fica mais valorizada, sentem-se úteis e capazes de absorverem o aprendizado começam a desenvolver a tomada de consciência do próprio envelhecimento de forma ativa, bem-sucedido e com uma boa qualidade de vida.


A saúde do idoso

O envelhecimento da população é reflexo de um conjunto de fatores, principalmente, dos avanços da medicina moderna, que permitiram melhores condições de saúde à população com idade mais avançada, fato que repete em vários países.

Com o aumento a esperança de vida, cresce também a importância das doenças de caráter crônico-degenerativo como principais causas de morte, tais como as do aparelho circulatório, os neoplasmas (câncer) e o diabetes, acarretando um aumento na longevidade das pessoas e no peso relativo dos idosos no total da população.


Preconceito e Despreparo

Infelizmente nossa sociedade ainda é despreparada para respeitar os idosos e para aceitar que a velhice faz parte da vida e que todos iremos envelhecer: você, eu, todos nós. Nem prestamos atenção nos numerosos os obstáculos que a pessoa idosa enfrenta para viver e transitar nas cidades brasileiras diariamente.

No Japão, onde a velhice está associada à sabedoria, pessoas com mais de 65 anos, consideradas idosas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), desenvolvem atividades intelectuais e produtivas sem despertar os olhares preconceituosos dos que estão ao redor. E mais: o governo japonês, inclusive, tem adotado medidas para encorajar os idosos a continuar integrando a força de trabalho. Segundo noticiou recentemente a BBC Brasil, a idéia é “vê-los como um recurso e não um encargo – mão-de-obra valiosa ao invés de pessoas que precisam apenas de apoio e cuidados”.


No Brasil, os estudos existentes sobre o tema da terceira idade são poucos e têm apontado, de forma recorrente, que o processo de envelhecimento da população brasileira é considerado irreversível. 




Mudanças na sociedade brasileira com o aumento da expectativa de vida já estão acontecendo...