segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Novo Idoso - Mudanças na sociedade com o aumento da expectativa de vida


O número cada vez menor de filhos e a população cada vez mais urbana mostraram, no último censo, que a população do Brasil está envelhecendo rapidamente. Entretanto, o país não está se preparando, com a mesma velocidade, para o envelhecimento da população.
Nas últimas décadas, o número de pessoas com 60 anos ou mais tem aumentado consideravelmente nos países da América Latina, principalmente em Cuba, Argentina, Uruguai, Chile e Brasil.
As informações levantadas pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) mostram que o número de idosos no Brasil já é um dos maiores do mundo, cerca de 13,5 milhões de pessoas. Os idosos são pessoas que já vivenciaram, em abundância, todas as circunstâncias comuns ao ser humano: vida e morte de familiares e amigos, alegria e tristeza de decisões tomadas. Passaram por situações de perdas irreparáveis na família ou entre amigos por doenças ou imprudências devidas a soberba na condução da vida.

No decorrer dos dias conquistaram o reconhecimento da sociedade. Foram favorecidos, entre outras vantagens instituídas pelo Estatuto do Idoso, com a gratuidade no transporte coletivo urbano, filas preferenciais em bancos e supermercados e vagas exclusivas em estacionamentos.
Os idosos de hoje, vivem mais, se divertem mais, produzem mais, aprendem mais e querem muito mais da vida do que queriam as gerações anteriores.
O aumento da população de idosos é, de fato, uma importante conquista da nossa sociedade. Entretanto, isto gera uma série de novas circunstâncias relacionadas à manutenção da saúde, manutenção de habilidades físicas, cuidados médicos e de enfermagem especiais, além de gerar modificações ambientais, visando sempre os cuidados com o idoso.



Estatísticas


O Brasil possui cerca de 19 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que representa mais de 10% da população brasileira, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Há 50 anos a expectativa de vida de um brasileiro era de 43 anos. Hoje essa expectativa está em torno de 68 anos, sendo que para o século XXI deverá chegar a 73 anos.

Segundo o I.B.G.E. nosso país deverá ter a sexta população mais idosa do planeta no ano 2025 com 34 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que representará 14% de nossa população. É o grupo etário que mais cresce no Brasil. 


A distribuição dos idosos segundo os grupos de idade não é homogênea e, embora a expectativa de vida a partir dos 60 anos esteja aumentando, ainda é maior a proporção de pessoas idosas na faixa etária de 60 a 69 anos. Isto demonstra que o processo de envelhecimento da população brasileira, apesar de intenso, ainda é recente, diferenciando-se da situação encontrada nos países desenvolvidos, onde a transição demográfica ocorreu há mais tempo e a população idosa concentra-se, cada vez mais, nas faixas de idade de 80 anos ou mais.

O idoso consumidor


Além de viver mais, os idosos brasileiros também obtiveram melhoria da renda nos últimos dez anos. Mais de 80% das pessoas acima de 60 anos ganham ao menos um salário e a grande maioria recebe aposentadoria e pensões. 


Apesar de estarem aposentados, muitos idosos continuam no mercado de trabalho. Segundo o IBGE, quase 6 milhões de pessoas com mais de 60 anos trabalham, representando 30,9% do total. Mesmo na população com 70 anos, o percentual é significativo: 18,4% têm atividade remunerada.
Não por acaso os idosos são responsáveis pela manutenção de 25% das casas no País e possuem potencial de consumo de R$ 7,5 bilhões, o dobro da média nacional, de acordo com a pesquisa da empresa de consultoria Indicator GFK. 

Os idosos de hoje possuem vida ativa e são consumidores de quase tudo. Precisam de produtos e de atendimento de acordo com suas necessidades e limitações e os especialistas em marketing já perceberam isto. Muitos produtos e serviços são direcionados para este grupo de consumidores, inclusive para vendas pela internet.


 O idoso na rede

Especialistas reunidos no Congresso Mundial sobre Internet (Madri, 2009), enfatizaram o grande interesse de pessoas com mais de 70 anos pela internet. Segundo a professora da Univerdade de Dundee (Escócia) Vicki Hanson, em 2008, só nos Estados Unidos, 45% das pessoas de 70-75 anos já se conectavam à internet. Enviar e receber e-mails é a principal atividade na rede das pessoas acima de 65 anos. Também realizam compras, movimentos bancários e participam das redes de relacionamento social. Os jovens e adultos de hoje serão os idosos de amanhã, então este percentual tende a aumentar, e muito.



O idoso no volante


Com o envelhecimento da população brasileira, estão, a cada ano, surgindo mais idosos motoristas, acima de 70 anos, o que causa certa apreensão aos órgãos públicos ligados a área, aos geriatras e às famílias destes idosos.
Ao contrário do que muitos pensam os idosos não representam uma ameaça no trânsito. Somente 6,2% dos condutores envolvidos em acidentes estão com idade acima dos 55 anos. Já 27,9% dos condutores que causam acidentes estão entre 25 a 34 anos e 24,8% entre 18 a 24 anos, de acordo com dados do DETRAN-SP.
O motorista idoso é considerado educado e cuidadoso, sendo um observador atento às leis de trânsito, sendo pequena a ameaça que estes representam para o trânsito.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), por exemplo, na pessoa com idade entre 70 e 80 anos a flexão no joelho é de 58%, quando nos mais jovens (de 20 a 35 anos), chega a 78%. Além disso, os remédios que o idoso toma podem prejudicar seus reflexos, aumentando o risco de acidentes. 


O idoso nas salas de aula

Os primeiros resultados do Censo do Ensino Superior, realizado pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que a faixa etária dos ingressos no ensino superior que mais cresceu foi a de 50 anos ou mais (23%). Há Universidades que chegam a oferecer descontos de até 50% nas mensalidades.


A cada dia, crescem opções de cursos nas mais variadas áreas e as Universidades nunca estiveram tão lotadas dessa turma ávida por conhecimento, que frequenta a escola, seja como porta de retorno à vida profissional ou apenas pelo prazer de aprender. Eles passam a ser vistos como sábios pela família e se aproximam mais dos jovens.  


A escola passa a ter um papel não só de disseminadora do conhecimento, mas também de agente principal de troca de experiências e oportunidade de convívio entre pessoas diferentes. Sua autoestima fica mais valorizada, sentem-se úteis e capazes de absorverem o aprendizado começam a desenvolver a tomada de consciência do próprio envelhecimento de forma ativa, bem-sucedido e com uma boa qualidade de vida.


A saúde do idoso

O envelhecimento da população é reflexo de um conjunto de fatores, principalmente, dos avanços da medicina moderna, que permitiram melhores condições de saúde à população com idade mais avançada, fato que repete em vários países.

Com o aumento a esperança de vida, cresce também a importância das doenças de caráter crônico-degenerativo como principais causas de morte, tais como as do aparelho circulatório, os neoplasmas (câncer) e o diabetes, acarretando um aumento na longevidade das pessoas e no peso relativo dos idosos no total da população.


Preconceito e Despreparo

Infelizmente nossa sociedade ainda é despreparada para respeitar os idosos e para aceitar que a velhice faz parte da vida e que todos iremos envelhecer: você, eu, todos nós. Nem prestamos atenção nos numerosos os obstáculos que a pessoa idosa enfrenta para viver e transitar nas cidades brasileiras diariamente.

No Japão, onde a velhice está associada à sabedoria, pessoas com mais de 65 anos, consideradas idosas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), desenvolvem atividades intelectuais e produtivas sem despertar os olhares preconceituosos dos que estão ao redor. E mais: o governo japonês, inclusive, tem adotado medidas para encorajar os idosos a continuar integrando a força de trabalho. Segundo noticiou recentemente a BBC Brasil, a idéia é “vê-los como um recurso e não um encargo – mão-de-obra valiosa ao invés de pessoas que precisam apenas de apoio e cuidados”.


No Brasil, os estudos existentes sobre o tema da terceira idade são poucos e têm apontado, de forma recorrente, que o processo de envelhecimento da população brasileira é considerado irreversível. 




Mudanças na sociedade brasileira com o aumento da expectativa de vida já estão acontecendo...