domingo, 18 de maio de 2014

Alimentação e problemas bucais: Verdades e mitos

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A relação entre o que se come com a saúde bucal é óbvia para os cirurgiões-dentistas, no aspecto de a alimentação poder alterar os dentes e a mastigação. Porém, ainda não é determinado até que ponto alguns alimentos são prejudiciais - e outros benéficos -, e como o cirurgião-dentista deve agir ao constatar uma erosão dentária, cárie e outros problemas que podem estar ligados à alimentação. Será que o profissional deve partir para a avaliação nutricional do paciente e saber quais alimentos indicar? Ou deve haver uma parceria com o nutricionista do paciente?

Na atualidade, sabe-se que a alimentação é, em geral, mais industrializada - até por facilitar o dia a dia agitado nos centros urbanos. Com isso, também pode conter menos minerais, vitaminas que favorecem a dentição, além de possuir outros fatores que podem prejudicar a saúde bucal. A dieta produz um efeito local na integridade dentária e na microbiota oral por meio da frequência de consumo de alimentos, que determina o número de oportunidades para a produção de ácido e redução do pH salivar.
Atualmente o hábito alimentar do brasileiro mudou de forma negativa, de magnitude e abrangência nacional, conforme foi constatado pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF):  houve uma redução no consumo de frutas, legumes, verduras e de feijão, e aumentou o consumo de alimentos e bebidas com alto teor de açúcar, gorduras e sal. Padrão alimentar este que favorece a formação da cárie dentária, representada, principalmente, por alimentos com alto teor de açúcar e das bebidas açucaradas; e de alimentos com alta adesão, com maior acúmulo de restos sobre os dentes, levando a maior risco de cárie.

Para determinar quais alimentos podem ou não causar cáries, além de mostrar quais podem auxiliar na prevenção ou controle da deterioração do dente os alimentos da atual dieta brasileira podem ser separados em três categorias: positivos (anti-cariogênicos), neutros (cariostáticos) ou negativos (cariogênicos).
Os alimentos cariogênicos contêm carboidratos fermentáveis e são capazes de reduzir o pH salivar para 5,5 ou menos e estimular o processo de cárie. Destaca-se neste grupo: os açúcares adicionados, doces, grãos e amidos presentes em salgadinhos, pães, bebidas de frutas, refrigerantes, bebidas açucaradas, doces em geral e em algumas frutas.

Já os alimentos considerados cariostáticos, não são fermentáveis pelas bactérias, são eles: os alimentos fontes de proteínas, seja de origem animal ou vegetal, como as carnes em geral, ovos, leguminosas e oleaginosas, ou também os ricos em fibras alimentares, representados, principalmente, pelo grupo dos legumes e verduras.

Os alimentos anticariogênicos são aqueles que impedem a placa de reconhecer um alimento acidogênico, quando ele é consumido primeiro. Além de não ser fermentável, apresentariam ação antibacteriana. Alguns adoçantes, como o xilitol, bem como os queijos de maior cura também ajudam na elevação do pH, colaborando para a não progressão da cárie. A goma de mascar sem açúcar também pode reduzir o possível desenvolvimento da cárie, mas, por outro mecanismo de ação, que é o aumento do fluxo salivar.

A denominada "autolimpeza dos dentes" não existe do ponto de vista periodontal, mas os alimentos fibrosos (dentro da categoria de cariostáticos) podem ser acrescentados à dieta do paciente para substituir alimentos de alta adesão aos dentes. As fibras não apresentam uma alta adesão, sendo menos cariogênicas e menos ricas em carboidratos fermentáveis.


Com a redução no consumo de alimentos fibrosos, como as frutas, legumes e verduras, e o avanço no consumo de alimentos industrializados, também há menor esforço de mastigação. Com isso, há diminuição da força mastigatória, podendo levar à perda dentária em idosos ou ao comprometimento da musculatura orofacial em lactentes e crianças. Além disso, a mastigação, que favorece a secreção da saliva, cuja função é tamponante, está cada vez mais rápida e deficiente, seja pela perda dentária, mas, principalmente, pela correria diária.

A ingestão de alimentos ácidos tem se tornado cada vez mais frequentes, devido aos alimentos industrializados, como os refrigerantes, que podem causar erosão dentinária. Seu efeito guarda relação com o ácido bacteriano, entretanto, aparece nas superfícies lisas linguais dos dentes ou vestibulares dos anteriores. A redução do pH leva a uma desmineralização dessas superfícies, que, se acrescidos de hábitos parafuncionais, como o ranger de dentes ou a escovação inadequada, podem acarretar a perdas significativas da estrutura dentária. É recomendada a orientação do paciente quanto à substituição dos alimentos ou, caso esta não seja possível, o uso de manobras que reduzam o dano, como o bochecho para a neutralização mais breve possível do pH ou a remoção do hábito parafuncional.

A afta não apresenta, ainda, uma causa definida. Existe a constatação de que, para muitos pacientes, a ingestão de alimentos ácidos, como frutas cítricas, e condimentos, como pimentas e temperos, pode estimular o surgimento das aftas. Portanto, também está relacionada à alimentação.

A halitose pode ter relação ao baixo consumo de água. Isso leva à redução da salivação e a formação de saliva mais serosa, o que minimiza o efeito de autolimpeza da boca e o acúmulo de restos alimentares e de células mortas da mucosa.

Outro problema bucal relacionado ao baixo consumo de água é a xerostomia, sintoma que, na maioria das vezes, deve-se à diminuição ou falta da saliva. O consumo de água reflete no volume salivar e, indiretamente, longos períodos de jejum também levam a tal redução. Os alimentos de consistência pastosa ou amolecida também estimulam pouco a salivação, pois não demandam tanta mastigação. Ou seja, um item primordial na alimentação, que irá favorecer a saúde bucal, é a água.
É preciso consumir cálcio, fósforo e vitamina D, em todas as fases da vida, mas, principalmente, na infância e adolescência, períodos em que ocorre a formação dos dentes e o pico de crescimento e maturação óssea. Outros nutrientes, como a vitamina C, o zinco e o folato são importantes para a manutenção da integridade da mucosa oral.



Casos especiais

1. Crianças
Nas crianças, especialmente, a redução do uso da musculatura mastigatória, devido aos alimentos industrializados, pode levar ao desenvolvimento incorreto dos ossos maxilares, com possíveis distúrbios oclusais e formação de problemas na mordida. Esses mesmos alimentos, normalmente, apresentam alta concentração de carboidratos fermentáveis e de adesão à superfície dentária.
Além disso, a alimentação cariogênica - por exemplo, os doces ou as bebidas açucaradas - é ofertada muito cedo às crianças, às vezes já na mamadeira durante o dia e, principalmente, antes de dormir, hora na qual a redução no fluxo salivar e o extenso período sem higienização são severamente danosos ao esmalte dos dentes. Dando início à chamada 'cárie de mamadeira' ou cárie de início da infância.
2. Idosos
No caso dos idosos, é importante que eles mantenham uma dieta rica em todos os grupos alimentares, e com diversas formas de preparação, para evitar problemas sistêmicos. E, mais especificamente, a manutenção de várias técnicas de preparação vai evitar a presença de alimentos pastosos, que são mais aderentes e de maior risco de cárie, mas, principalmente, vai propiciar a manutenção do tônus e potência muscular.

3. Gestantes
Para as gestantes, as recomendações são as mesmas dadas à população em geral, ou seja, adoção de hábitos saudáveis e de uma alimentação equilibrada. Embora a recomendação de algumas vitaminas e minerais seja maior em função do estágio fisiológico, como a vitamina C, o zinco e o folato. O acompanhamento nutricional deve ser mais intenso nesta fase da vida.



Odontologia e Nutrição
Todo cirurgião-dentista deveria ser capaz de reconhecer alterações na dieta de um paciente, passíveis de afetar a condição de saúde e a integridade de tecidos duros e moles da boca, além de passar orientações básicas de adequação da dieta e encaminhá-lo ao profissional especialista na área, o nutricionista. Visite o site do Ministério da Saúde, conheça o Guia Alimentar Para a População Brasileira, disponível em http://nutricao.saude.gov.br/guia_conheca.php. Esse guia é um instrumento que pode apoiar o profissional em suas orientações e também os pacientes interessados em prevenir problemas futuros de saúde bucal e geral.

Fonte: http://www.odontomagazine.com.br

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Ortodontia pediátrica garante o pleno desenvolvimento do rosto das crianças

Os dentes das crianças são uma grande preocupação para os pais desde o momento em que a gengiva é rompida pela primeira vez. Os decíduos ("de leite") surgem, em média, aos  seis meses de idade e a amamentação tem papel fundamental nesta fase. Ao mamar no seio da mãe, as estruturas ósseas e musculares da face do bebê se preparam para receber os dentes de leite. O correto desenvolvimento do rosto influencia a mastigação, deglutição, comunicação e influencia questões estéticas.

Hábitos inadequados podem afetar o crescimento facial. Entre os mais nocivos estão a respiração bucal, uso de chupeta e a falta de estímulos para o amadurecimento das estruturas faciais. A prevenção ou a correção das irregularidades nos ossos e músculos da face é assunto para a ortodontia pediátrica e a ortopedia facial. Estas especialidades são consideradas ramos da odontologia, com ênfase no diagnóstico, prevenção e tratamento de irregularidades dentais e faciais. A ortodontia está relacionada à posição dos dentes dentro do osso e a ortopedia facial está ligada ao crescimento das bases ósseas.

Os profissionais que atuam na área são graduados como cirurgiões-dentistas e pós-graduados em ortodontia e ortopedia facial. A prevenção e a correção das relações desarmônicas entre as bases ósseas podem ser feitas na infância, adolescência ou durante a fase adulta. O tratamento precoce é mais eficaz, pois o período de crescimento ativo permite o redirecionamento do crescimento dos ossos do rosto e dos dentes. O objetivo é promover bem-estar, melhorar a qualidade de vida do paciente e contribuir com o seu potencial de beleza facial.

A partir dos três anos de idade já é possível fazer o acompanhamento ortodôntico e ortopédico facial. Diversas pesquisas pediátricas sobre o crescimento da face apontam que aos quatros anos, o rosto infantil tem 60% do tamanho que terá na fase adulta. Portanto, nesta tenra idade, sobram apenas 40% de potencialidade de crescimento do rosto que podem ser administrados terapeuticamente. Com o passar dos anos, este potencial diminui.
Gráfico de crescimento: utilizado para verificar o potencial de crescimento da criança e a eficácia do uso de aparelho ortopédico em cada idade. 
A capacidade de normalizar os desvios de crescimento e desenvolvimento que podem ocorrer no rosto decresce na razão inversa da idade, sendo que, aos 12 anos, cerca de 80% do crescimento facial final ja ocorreu. A intervenção precoce é imprescindível. O acompanhamento do crescimento dos ossos da face, especialmente da maxila e da mandíbula, permitem que a erupção dos dentes de leite seja mais correta e possibilitam a administração das etapas de trocas dentárias.

Neste conceito moderno de Ortopedia Pediátrica de Acompanhamento (OPA), as crianças com cinco anos de idade podem utilizar aparelhos ortopédicos faciais intrabucais para tratar as anomalias dentofaciais incipientes, que incluem os aspectos ortodônticos, como a posição dos dentes nas arcadas dentárias inferiores e superiores e o relacionamento entre estas bases ósseas. O aparelho é de uso simples e indolor, sem causar desconfortos. O dispositivo trata os ossos e os músculos do rosto com a finalidade de corrigir eventuais alterações no crescimento e desenvolvimento da face.

 

Os tratamentos em idade precoce costumam ser rápidos e muito importantes para evitar que as anomalias dentofaciais se acentuem e estejam presentes de modo agressivo a partir da pré-adolescência. Infelizmente nem todos os pais conhecem a Ortodontia Pediátrica. A divulgação deste conceito é essencial para que o rosto das crianças possa se desenvolver em sua melhor forma de harmonia, beleza, função e saúde.

 Fonte: www.kohlerortofacial.com.br

domingo, 4 de maio de 2014

Respirar só pela boca pode comprometer os dentes


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Alergias, sinusite, rinite, desvio de septo, problemas respiratórios podem causar obstrução das vias aéreas superiores e levar algumas pessoas a adotar a respiração 'pela boca'. Geralmente, esse comportamento vem da infância e pode ter desdobramentos na saúde oral do paciente, resultando em um desenvolvimento anormal da face e da arcada dentária, sorriso gengival, dentes tortos e gengivite.
Os pais devem prestar atenção na reincidência de doenças respiratórias que acometem seus filhos e na forma como estão respirando - principalmente durante o sono. É importante reparar se a criança tem alguma dificuldade em permanecer com os lábios fechados, se emite sons pelo nariz enquanto dorme, ou, ainda, se dorme com a boca aberta. Caso as crises respiratórias sejam muito frequentes, é necessário um acompanhamento mais cuidadoso tanto por parte de um médico, quanto de um ortodontista, já que isto poderá comprometer o desenvolvimento de importantes estruturas ósseas da face e das arcadas dentárias.



O crescimento ideal do rosto das crianças é bastante influenciado por uma boa respiração pelo nariz. Quando o problema não é tratado desde o início, o rosto pode crescer fino e alongado. Muitos tratamentos cirúrgicos podem ser evitados com um adequado acompanhamento ortodôntico e a utilização de aparelhos que estimulem o crescimento facial e ampliem os seios nasais, favorecendo a respiração. O tratamento para a respiração bucal melhora significativamente a qualidade de vida do paciente e seu comportamento, sua autoestima, seu nível de energia e até mesmo o desempenho escolar.


As crises respiratórias que se acentuam nos meses mais frios e se estendem até a primavera. Crianças com problemas respiratórios, sejam temporários ou crônicos, devem evitar ambientes que favoreçam a proliferação de ácaros e fungos, além de pelos de animais, poeira e pó, ou mesmo alguns tipos de alimentos. Casos de alterações estruturais, como os desvios de septo, também devem ser tratados o quanto antes com médicos especialistas (otorrinolaringologistas).
 Fonte: www.apcd.com.br 

sábado, 3 de maio de 2014

Células-tronco para a regeneração da ATM

Pesquisadores da Universidade de Illinois em Chicago conseguiram transformar células-tronco adultas em osso e cartilagem, formando a estrutura esférica de uma articulação encontrada na mandíbula humana (Côndilo da mandíbula), com sua forma e composição de tecidos característicos.

  
O côndilo da mandíbula é uma estrutura óssea arredondada que permite os movimentos da boca. Problemas como apertar ou ranger os dentes (bruxismo), atrite, atrose, entre outros, podem causar alterações, deslocamento e desgastes no côndilo, levando à disfunção na ATM - articulação que fica próxima ao ouvido. Alterações na ATM podem causar dores intensas na região da articulação, dores de cabeça, dores na coluna cervical, zumbido no ouvido e dificuldade de abrir ou fechar a boca.

Testado até agora apenas em animais, o procedimento de engenharia de tecidos usado para criar um côndilo articular na forma humana poderá ser usado um dia para regenerar a estrutura esférica de articulações da mandíbula, joelho e quadril que tenham sido danificadas por lesões ou doenças como artrite.

"Esta é a primeira vez que um côndilo articular de forma humana com tecidos semelhantes a cartilagem e osso foi cultivado a partir de uma única população de células-tronco adultas", disse Jeremy Mao, diretor do laboratório de engenharia de tecidos da UIC e professor-associado de bioengenharia e ortodontia.
"Nossa meta final é criar um côndilo que seja biologicamente viável - uma estrutura de tecido vivo que se integre ao osso existente e funcione como uma articulação natural."

 
Para criar o côndilo articular, Mao e Adel Alhadlaq, um estudante de doutorado em anatomia e biologia celular, usaram células-tronco mesenquimais adultas retiradas da medula óssea de ratos. A medula óssea é o tecido interno e esponjoso de ossos longos como o fêmur e a tíbia, os ossos da perna.
Sob certas condições, as células-tronco mesenquimais, presentes em diversos tecidos adultos, tem o potencial de se diferenciar em virtualmente qualquer tipo de tecido conectivo - incluindo tendões, músculo esqueletal, dentes, cartilagem e osso.

Usando substâncias químicas e fatores de crescimento, os cientistas induziram as células-tronco adultas a se desenvolver em células capazes de produzir cartilagem e osso.

As células foram então estratificadas em duas camadas integradas, envolvidas por um material biocompatível semelhante a um gel, e moldadas em um côndilo articular usando um molde feito da articulação têmporo-mandibular, ou osso da mandíbula, de um cadáver humano.

Após várias semanas, Mao e seus colegas descobriram que as estruturas feitas por engenharia de tecidos retiveram a forma moldada do côndilo mandibular humano, com tecido semelhante ao osso por baixo de uma camada de tecido semelhante a cartilagem - uma disposição semelhante à de um côndilo articular natural.
Além disso, diversos testes confirmaram que os tecidos recém-criados eram de fato osso e cartilagem, contendo seus componentes microscópicos característicos: no osso, uma matriz de colágeno com depósitos de sais de cálcio, e na cartilagem, colágeno e grandes quantidades de substâncias chamadas proteoglicanos ou glicoproteínas.

Mao salientou que há necessidade de muito trabalho adicional antes que os côndilos feitos por engenharia de tecidos estejam prontos para uso terapêutico em pacientes que sofrem de artrite óssea, artrite reumatóide, lesões ou anomalias congênitas.

No entanto, ele acredita que com novos aperfeiçoamentos o procedimento poderá um dia ser adotado para a substituição total de quadril e joelho. "Nossas descobertas representam uma prova de conceito para novos desenvolvimentos de côndilos feitos por engenharia de tecidos", disse Mao.

Fonte: http://odontologika.uol.com.br,Universidade de Illinois em Chicago