Atendi recentemente no consultório um paciente em tratamento quimioterápico. Ouvi parte de sua história de vida e algumas perspectivas para o futuro. Mesmo com atestado médico, optou por não se ausentar do emprego, afinal estava se sentindo bem para trabalhar. Optou pela rotina diária, aquela que muitos se queixam. Acordar cedo, sair para o trabalho, com sol ou chuva, sempre que possivel. Optou pela vida, apesar das dificuldades.
As doenças neoplásicas malignas representam um das principais causas de morbidade e mortalidade. Infelizmente, a frequência destas doenças não parece estar em declínio. Entretanto, há muitas pesquisas no mundo todo sobre o assunto e novas modalidades terapêuticas têm possibilitado uma sobrevida prolongada e, em muitos casos, a probabilidade de cura.
A cavidade bucal é um dos locais do organismo com a maior quantidade de bactérias, que podem se tornar nocivas levando a infecções localizadas ou generalizadas em momentos em que há queda da imunidade.
Por serem tratamentos agressivos, a radioterapia e a quimioterapia podem causar inúmeros comprometimentos na cavidade bucal, prejudicando a alimentação e a fala, e causando dor e desconforto ao paciente.
Alguns exemplos de complicações bucais: infecções fúngicas (candidiase, sapinho) ou bacterianas (cáries, infecções na gengiva e periodonto); mucosite (inflamação das mucosas da boca, dando a sensação de ardência - feridas que se podem se estender até a laringe e faringe); dificuldade para engolir; xerostomia, osteorradionecrose, cáries de radiação, sangramentos gengivais espontâneos, trismo entre outros.
A saliva é um protetor natural dos dentes e mucosa da boca. Possui enzimas importantes que ajudam a manter os dentes íntegros e a mucosa e gengiva saudáveis. Pacientes que são submetidos ao tratamento quimioterápico e/ou radioterápico na região cabeça/pescoço, onde as glândulas salivares são afetadas pela radiação, apresentam uma diminuição da quantidade de saliva (xerostomia). A boca fica seca, o que causa muito incômodo para falar e comer. Porém, o mais grave é que a falta de saliva diminui a proteção natural da boca e ela se torna mais vulnerável a infecções em geral, além de provocar mau hálito (halitose).
Estas são as principais complicações, que podem ser minimizadas quando o paciente passa por avaliação odontológica adequada antes de iniciar o tratamento. Cáries e problemas nas gengivas devem ser tratados e o paciente deve receber orientações sobre as possíveis complicações bucais, que podem ocorrer durante e após o término do tratamento oncológico. A melhora da qualidade de vida torna-se o principal objetivo!
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