sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Cuidar de quem nos cuidou


Essa é a missão que todos nós temos, devolvendo o amor e o carinho a quem tanto nos protegeu.
Em primeiro de outubro comemora-se o Dia Nacional do Idoso.  Segundo o IBGE, há aproximadamente 20 milhões de pessoas com mais de 60 anos no Brasil. Dados da OMS mostram que, até 2025, pela primeira vez na história, haverá mais idosos que crianças no planeta. Em razão do contínuo envelhecimento da população brasileira, reflexo do aumento da expectativa de vida - que atualmente está em 72,7 anos - cresce também a preocupação com o bem-estar dos idosos.
O envelhecimento saudável depende de fatores físicos, psicológicos, sociais e também culturais. Uma pesquisa conduzida pela Universidade London School of Economics concluiu que, de 12 países, o Brasil é onde mais pessoas esperam ser sustentadas na velhice. Além disso, 64% dos brasileiros disseram não estarem financeiramente preparados para a terceira idade. Uma mudança na cultura do brasileiro seria necessária para que os jovens e adultos se preparassem melhor para a terceira idade, no sentido psicológico e também econômico.
Uma questão importante para a qualidade de vida dos nossos idosos é reavaliar o sistema de seguridade social, uma vez que a incapacidade econômica é um fator limitante em todos os sentidos, e o número de idosos no Brasil está crescendo consideravelmente.

O exemplo que vem do Oriente


Na China e no Japão, a velhice é sinônimo de sabedoria e respeito. O fenômeno envelhecer é aceito como um acontecimento natural. Os idosos são tratados com respeito e atenção pela vasta experiência acumulada em seus anos de vida e a sua família os acolhem muito bem. Ela é considerada seu verdadeiro porto seguro.
Os mais jovens declaram com orgulho e admiração os sacrifícios realizados pelos seus idosos em benefício da família, como a iniciação ao trabalho muito cedo com pouca instrução para o sustento e estudo dos filhos, demonstrando sempre alegria, festa e plenitude pela presença do idoso.

A cultura dessas sociedades tem como tradição cuidar bem, glorificar e reverenciar seus idosos. Na tradição japonesa é festejado de forma solene o aniversário do idoso. Não se pergunta a idade a uma mulher jovem, mas sim às mais idosas, que respondem com muito orgulho terem 70, 80 anos ou mais. Na sociedade brasileira, ao contrário, não se deve perguntar a idade a uma senhora para não causar constrangimentos, como se muitos anos de vida fosse um motivo de vergonha ou algo a esconder.

Na tradição japonesa, ao completar 60 anos, é permitido ao homem o uso de blazer vermelho, pois somente com seis décadas de vida há a liberdade de usar a cor dos deuses. No Brasil a cor vermelha é destinada para os mais jovens, à medida que os indivíduos envelhecem as cores destinadas são as mais claras, pálidas, sóbrias, tristes.


Como podemos mudar esse quadro no Brasil?
 
 

Estreitar o relacionamento com as pessoas idosas próximas: ouvir, questionar, valorizar suas histórias de vida e reconhecer seus esforços na criação e educação dos filhos;

Conhecer mais sobre os aspectos sociais, econômicos, culturais, legais e biológicos do envelhecimento na sociedade brasileira e repensar as suas próprias atitudes perante seus pais ou avós;

Entender que envelhecer é um processo natural e não um tabu, um assunto a ser evitado. Conversar mais sobre este assunto, fazer planos para quando chegar à terceira idade, se preparar financeiramente e psicologicamente para a velhice, como uma fase natural da vida;

Investir nas crianças, no momento da constituição da personalidade, propiciando a aproximação das mesmas aos idosos. Os pais devem dar o exemplo, demonstrando atenção, respeito e admiração aos seus próprios pais e outros idosos. Assim, as crianças poderiam internalizar essas atitudes e repassá-las ás próximas gerações;

Favorecer a inclusão social do idoso promovendo o sentido da sua existência;

Enfim, o envelhecimento deve ser visto como o alcance de certo patamar de desenvolvimento humano, às vezes com limitações físicas ou problemas de saúde, porém com uma vasta experiência de vida que não pode ser esquecida. Esperamos que nossos idosos também sejam reconhecidos  e respeitados, que recebam adjetivos como “experiente, prudente, paciente, tolerante, ouvinte, e acima de tudo sábio”. Mas para isso cada um deve fazer a sua parte, dando o exemplo e repassando aos seus filhos o verdadeiro valor da sabedoria dos cabelos brancos.

A saúde bucal do idoso
A saúde bucal reflete a saúde como um todo. Uma boa saúde oral facilita a alimentação adequada, possibilita a mastigação correta e digestão de nutrientes necessários para a manutenção da saúde geral. Também melhora a auto-estima, comunicação e o convívio social, evitando a depressão, tão comum nesta fase da vida.
Com o envelhecimento, algumas alterações ocorrem na boca, principalmente na gengiva (problemas periodontais) e cáries, ambas causadas por conta da dificuldade motora de realizar adequadamente higiene oral. A saliva, que é um protetor natural dos dentes e gengiva, tem seu fluxo diminuído, muitas vezes por medicamentos.  Isto também favorece o aparecimento de problemas bucais.
Por Luciana Belomo Yamaguchi